OS DOIS MAIORES MANDAMENTOS PRINCIPAIS, OU A SÍNTESE DOS DEZ MANDAMENTOS – MATEUS 22,34-40

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MATEUS 22,34-40

OS DOIS MAIORES MANDAMENTOS PRINCIPAIS, OU A SÍNTESE DOS DEZ MANDAMENTOS

Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar aos saduceus. Então eles se reuniram em grupo, e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” Jesus respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento! Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”.

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Na fuga do Egito pelo deserto, onde vagou por quarenta anos sob a condução de Moisés, através deste o povo judeu recebeu os Mandamentos da Lei de Deus, inscritos em pedra e destinados a guiar o “povo escolhido” na sua vida e como exemplo às demais nações.

Com o passar dos séculos, aquelas dez regrinhas simples foram sendo acrescentadas com outras mais complicadas, introduzidas pelos chefes religiosos, chegando no tempo de Jesus a mais de seiscentas, a maior parte delas sem qualquer relação com a essência da lei divina, ou seja, como o comportamento que Deus deseja dos homens.

Jesus, sendo judeu e tendo sido criado por pais que também eram judeus devotos, e, mais ainda, sendo o próprio autor dos mandamentos dados a Moisés, evidentemente não iria se opor a eles, mas não admitia os acréscimos que receberam, quando inúteis e não conectados com as dez diretrizes ancestrais.

A atitude de Jesus causou-lhe contínuos embates com as lideranças judaicas, como lemos nesta pequena passagem relatada por Mateus, quando alguns fariseus o provocaram para dizer qual dos mandamentos seria o maior. O que esperavam é que o Nazareno tivesse dificuldade em dar sua resposta, acreditando que ele se perderia no meio das mais de seiscentas prescrições. Ademais, insidiosos como eram, se Jesus escolhesse qualquer uma daquela multidão de prescrições, eles diriam que estava errado e lhe apresentariam outra qualquer.

Porém, Jesus liquidou o entrevero sem sair dos dez mandamentos, mas não os repetindo um a um, sendo-lhe suficiente demonstrar que apenas dois deles resumem os demais, e os dois eram e são de extrema simplicidade, e inteiramente interligados entre si.

De fato, o maior mandamento é amar a Deus sobre todas as coisas, pois Deus é o criador de tudo, inclusive da humanidade, que deve a Ele a sua existência como seres dotados de maravilhosos e complexos órgãos, membros e sentidos, conduzidos por um cérebro capaz de entender e discernir, além de serem livres para escolher seus destinos, tudo isto para ser usado num mundo maravilhoso e pleno de recursos, igualmente criado pelo mesmo Deus. Portanto, a humanidade somente pode amar quem lhe deu tanto!

Ademais, Jesus ensinou que Deus é Pai, e, assim, deve ser honrado como todos os pais, porque os pais são a origem dos seus filhos e aqueles que proveem o necessário para a existência deles.

Ora, Jesus também revelou que Deus Pai somente quer a felicidade dos seus filhos humanos, mesmo face às inevitáveis agruras da vida, e a felicidade começa e só existe quando se tem amor, amor para dar, e amor para receber.

Assim, o segundo mandamento, de amor ao próximo, tem um elo inseparável com o primeiro, porque Deus, que quer ser amado, e é amado quando se ama o próximo, a quem ele só deseja felicidade. Deste modo, quando se ama o próximo se ama a Deus, pois Deus recebe o amor ao próximo como sendo amor a Ele próprio. Daí Jesus, falando sobre o juízo final, se colocar na pessoa de qualquer um que esteja em necessidade de algo e seja atendido com ações de fazer companhia, visitar, matar a sede ou a fome. vestir, respeitar, enfim, com as boas ações que podem existir no cotidiano de todos, e que passam a existir sempre que alguém age com amor perante seu semelhante (Mt 25,31-46).

Assim, Jesus demonstrou que os demais mandamentos são prolongamentos dos dois iniciais, que têm o cunho geral e abrangente de tudo, e deixou claro que os outros ou são repetições deles em situações particulares (por exemplo, honrar pai e mãe), ou são a antítese dos primeiros, pois matar, roubar e outras ações, quando praticadas, são produtos de desamor por alguém e desamor por Deus.

Em outro dia, o pregador de Nazaré também pacificou os judeus dizendo que não viera ao mundo para revogar qualquer letra da Lei de Deus, mas para levá-la à perfeição e dar-lhe pleno cumprimento (Mt 5,17). Pois foi isso que ele fez também ao reduzir a essência da Lei aos dois primeiros mandamentos, que quando cumpridos, acarretam automaticamente a observância dos demais, nem sendo preciso haver uma proibição (por exemplo, não roubar), pois pregou apenas ações a serem realizadas e que não convivem com maldades: amar a Deus amando o próximo. Jesus, com sua visão positiva do mundo e dos homens de boa vontade, trocou um “não” de muitas ações condenáveis pelo “sim” de todas as ações que agradam a Deus e geram paz e bem-estar para os homens.

Por Dr. Ricardo Mariz de Oliveira 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Categories: Evangelho Semanal

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