EU VOS DOU UM NOVO MANDAMENTO” -JOÃO 13,31-33a.34-35

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“EU VOS DOU UM NOVO MANDAMENTO”

Depois que Judas saiu do cenáculo, disse Jesus: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo. Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. É pelo fato de vos amardes uns aos outros que todos conhecerão que sois meus discípulos”.

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Jesus de Nazaré estava surpreendendo o povo, e até seus seguidores mais imediatos, com sua doutrina que pregava as bem-aventuranças ao invés do domínio do próximo, a paz e o amor entre todos ao invés da luta armada para conquista do poder terreno, e tantas outras manifestações de paz e caridade. Suas parábolas maravilhavam a todos porque ilustravam o que ele pregava, e começaram a imaginar que ele se contrapunha à lei de Moisés e aos profetas de Israel, a ponto de as lideranças judaicas passarem a atacá-lo e desejarem matá-lo.

Em vista disso, logo no começo ele esclareceu aos discípulos: “Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento” (Mt 5,17-37).

Seria mesmo um absurdo que a Lei de Deus, centrada nos dez mandamentos dados a Moisés no Monte Sinai, pudesse ser revogada, pois Deus não erra e nada faz que não seja perfeito! Por isso, sua Lei é imutável e não precisa ser mudada ou aperfeiçoada.

O que se impunha era que aqueles mesmos mandamentos fossem cumpridos sem rodeios, cumpridos na sua letra e no seu espírito, ao passo que séculos de prática religiosa foram introduzindo novas regras, umas após as outras, atingindo no tempo de Jesus seiscentas e treze determinações sobre comida, vestuário e outras prescrições de conduta social ou ritual que tinham sua importância, mas não deveriam ter passado a ser o centro das preocupações, inclusive porque muitas vezes acarretavam consequências contrárias aos mandamentos divinos. De fato, o rigor daquelas regras substituía muitas vezes a temperança, a bondade, o perdão e outras atitudes desejadas por Deus.

Jesus veio para resgatar a pureza e a superioridade dos mandamentos, dando-lhes “pleno cumprimento”, e jamais para aboli-los, como ele explicou aos discípulos.

E foi o que ele fez com seus ensinamentos, com seus gestos e com suas atitudes ao longo de três anos de doutrinação do povo. A avareza humana impediu as lideranças religiosas daquele mesmo povo de entender que ele não queria contrariar o âmago da lei mosaica, a qual Jesus e seus pais terrenos seguiam à risca. Não lhe deram ouvidos porque erroneamente o consideravam um inimigo, e acabaram por instigar muita gente a segui-los quando prenderam Jesus e o entregaram ao poder romano bradando por sua crucificação.

Todos os mandamentos eram desdobramentos dos primeiros, ou seja, do amor a Deus e do amor ao próximo, porque se ama a Deus amando o próximo. Os outros eram manifestações desse amor em circunstâncias diversas, mesmo quando manifestados em forma negativa ou proibitiva de certas condutas, porque estas resultam da falta de amor.

Depois de três anos andando por todo lugar e concitando à prática do amor, quando já estava no final da sua missão Jesus dirigiu-se aos discípulos de modo comovente ao lhes falar assim: “Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”.

A novidade do “novo mandamento”, que, entretanto, não podia ser outro diferente do Decálogo, foi se amarem “como eu vos amei”, porque o amor de Jesus pelos seus era o amor divino, portanto, o amor perfeito!

Era o mesmo mandamento, mas também era novo, sim, porque Jesus ensinou-o através dos seus atos perante toda e qualquer pessoa, inclusive as que eram consideradas pecadoras públicas, e até perante os leprosos expulsos do convívio social, socorrendo a todos com a mesma atenção e o mesmo carinho que dedicava aos seus apóstolos, discípulos e amigos mais próximos, como Lázaro, Marta, Maria, Madalena. Era novo porque para cada um dos mandamentos algo foi acrescentado no sentido de torná-lo perfeito como Deus o quisera: de fato, por exemplo, não se deveria fornicar com a mulher do próximo, mas sequer desejá-la em pensamento, ou não apenas amar o próximo, mas também o inimigo!

Enfim, Jesus deu “pleno cumprimento” ao mandamento que todos conheciam, mas para o qual deu novo sentido, e instou seus discípulos a imitá-lo, ainda que não consigam fazê-lo perfeitamente, mas dedicando-se a ele com o máximo das suas forças e dos seus corações.

Por Dr. Ricardo Mariz de Oliveira 

Categories: Evangelho Semanal

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