ENVIO DOS APÓSTOLOS E INSTRUÇÕES PARA A EVANGELIZAÇÃO – MARCOS 6,7-13

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Jesus chamou os doze, e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros. Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas. E Jesus disse ainda: “Quando entrardes numa casa, ficai ali até vossa partida. Se em algum lugar não vos receberem, nem vos quiserem escutar, quando sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles!” Então os doze partiram e pregaram que todos se convertessem. Expulsavam muitos demônios e curavam numerosos doentes, ungindo-os com óleo. 


“Apóstolo” significa enviado. Jesus cercou-se de muitos discípulos e deu a todos a missão de difundirem seus ensinamentos, mas escolheu especialmente doze homens que o acompanharam durante os aproximadamente três anos em que desenvolveu a sua pregação, principalmente na Galileia, na Pereia e na Judeia, e esporadicamente fora dessas regiões. Esses doze, o núcleo central da Igreja que Jesus formou, foram seus apóstolos, sendo que um o traiu, mas foi logo substituído por Matias, um discípulo que os restantes escolheram porque os acompanhara desde o início. 

Marcos, que não foi apóstolo, mas discípulo e seguidor de Simão Pedro, descreveu a vida e os ditos de Jesus num texto destinado inicialmente para os convertidos de Roma, que é o mais breve de todos os quatro Evangelhos. A descrição do envio dos doze para a evangelização insere-se nesse estilo literário descritivo e conciso de Marcos, porém nos transmite notícias valiosas.

De fato, são informações sobre o início da efetivação do plano de Jesus para evangelizar o mundo, e sobre suas instruções sobre como os apóstolos foram enviados e deveriam agir.

Eles foram de dois em dois para se ajudarem e se apoiarem mutuamente, mas seguindo praticamente apenas com a roupa do corpo e suas sandálias, sem dinheiro para suas necessidades de manutenção, as quais deveriam esperar que seriam supridas com o que lhes dessem voluntariamente aqueles que os recebessem para ouvi-los.

Vemos aí o paralelismo com os sacerdotes da Igreja Católica, que largam suas famílias e seus bens e são enviados para continuar a missão dos doze, vivendo com a ajuda e o apoio da Igreja, e recebendo apenas as contribuições que os fiéis lhes deem, se quiserem dar, quando quiserem dar, pouco ou muito.

Os doze saíram com poderes especiais de curar doentes e expulsar demônios, pois era a extensão do que o próprio Jesus fazia mais visivelmente, e que era necessário para a concretização da fé das gentes naqueles primeiros tempos. Em nossos dias, os poderes que os clérigos carregam situam-se apenas no campo espiritual, porque este sempre foi o objetivo central de Jesus, que já se fez suficientemente crido para não depender de milagres.

Também lemos que Jesus lhes disse: “Se em algum lugar não vos receberem, nem vos quiserem escutar, quando sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles!”

Essa instrução evitaria pretensões que eles, homens simples, mas repentinamente dotados de capacidades extraordinárias, poderiam ter de querer ser ouvidos mesmo contra a vontade dos outros. Ao contrário, respeitando a liberdade de cada um, deveriam deixar os que não os acolhessem ou não lhes dessem ouvidos.

O sacudir a poeira não representava uma resposta agressiva ou uma espécie de vingança pelo descaso de alguém, mas era costume da época e, para eles, se destinaria a marcar que o descaso de uns não seria levado para outros lugares ou para outras pessoas, nem seria o final da missão, a qual prosseguiria para quem tivesse ouvidos abertos.

Nesta linha, em nossos dias a Igreja Católica, seguindo seu Mestre, respeita o ecumenismo e defende a liberdade religiosa e de consciência, tendo há muito abandonado práticas condenáveis de épocas obscuras. Melhor exemplo disto encontra-se na recente encíclica “Fratelli Tutti”, do Papa Francisco, um compêndio dos ensinamentos de Jesus Cristo.

Na próxima semana, veremos o retorno dos doze e o que relataram a Jesus.

Por Dr. Ricardo Mariz de Oliveira

Categories: Evangelho Semanal

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