CHAMAMENTO DOS APÓSTOLOS PARA UMA MESSE GRANDE – MATEUS 9,3-10,8

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Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse a seus discípulos: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!” Jesus chamou os doze discípulos e deu-lhes poder para expulsarem os espíritos maus e para curarem todo tipo de doença e enfermidade. Estes são os nomes dos doze apóstolos: primeiro Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e seu Irmão João; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Zelota, e Judas Iscariotes, que foi o traidor de Jesus. Jesus enviou estes Doze, com as seguintes recomendações: “Não deveis ir aonde moram os pagãos, nem entrar nas cidades dos samaritanos! Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’ Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar!”


É emocionante lermos que Jesus se comoveu quando viu as multidões que estavam cansadas e abatidas por falta de uma orientação espiritual que as confortasse! Esta não foi a única vez em que o Evangelho nos relata uma reação afetiva do filho de Maria, mas nesta aconteceu algo muito importante, ligado ao fato de que Deus, observando o que estava ocorrendo com seu povo, mandou seu Filho para socorrê-lo.

Para combater aquele estado de coisas, Jesus chamou seus doze apóstolos, cuja palavra significa “enviados”. Mostrando a bondade divina, incluiu nos chamados um traidor, que assim teve a oportunidade de mudar o que trazia no coração, mas optou por seu lado egoísta e ambicioso, abdicando da sublime missão para a qual fora chamado. Os outros onze também não eram homens poderosos, ricos, sábios ou portadores de dotes que caracterizam os campeões de popularidade, mas apenas homens simples e com pouca cultura, porém com corações abertos a receber de graça a palavra divina, e dispostos a corajosamente se dedicarem a espalhar essa palavra também de graça. Mesmo Mateus, que tinha mais recursos materiais por ser fiscal de rendas, abandonou o que tinha e o que fazia, para ir desenvolver o mesmo trabalho que Jesus reservou para ele e os demais.

Jesus pediu-lhes que fossem primeiramente às pessoas da casa de Israel, o mesmo povo que lhe comoveu por sua angústia e seu cansaço, e perante o qual ele desenvolveu a sua missão salvífica. Assim, por ser salvífica a missão, deveriam dar prioridade às “ovelhas perdidas”. Somente depois deveriam ir à Samaria e aonde mais conseguissem chegar, pois a messe (o mundo inteiro) é grande, e deveriam orar para Deus mandar outros trabalhadores iguais a eles, porque somente eles seriam insuficientes para tão grande empreitada.

Sua dedicação à causa da evangelização tornou-os o que não eram até então, pois passaram a ser para sempre conhecidos no mundo todo, tendo seus nomes inscritos no Evangelho de Jesus. Por isso, são lembrados e venerados tantos séculos após terem vivido. E suas orações foram atendidas por Deus, pois a Igreja, que começou com eles, se alastrou pelo mundo inteiro através de centenas de milhares de novos trabalhadores da evangelização, que de graça transmitem o que aprenderam, e que chegou até eles por sucessivas gerações de iguais trabalhadores dedicados à palavra de Jesus.

De fato, a instrução que receberam do próprio Jesus foi a seguinte: “Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’”. Ora, esse reino é o reino das bem-aventuranças pregadas por Jesus porque desejadas por Deus para todos os homens que queiram fazer parte do seu Reino. Fica claro, portanto, que Jesus não queria conquistadores do poder terreno, como os judeus do seu tempo imaginavam que o Messias seria, mas conquistadores (pescadores, como ele disse a alguns deles) de homens para esse reino imaterial, que pode começar aqui mesmo pela simples adesão a ele. Por isso, era um reino que estava perto, como também está perto de nós!

Para o início da missão, concedeu-lhes poderes extraordinários, mas seus sucessores, ainda que despidos dos mesmos poderes, carregam consigo capacidades que lhes são exclusivas, de abrir espíritos para a graça divina e até perdoar os pecadores. Entretanto, mesmo os que não sejam investidos da condição de sacerdotes, mas são desse reino, têm por dever a missão de fazer o que puderem para a propagação do reino. 

E todos, em todos os tempos, não se esquecem da recomendação de Jesus, e a põem em prática: “De graça recebestes, de graça deveis dar!”

Isto é particularmente importante em nossos tempos de egoísmo e disputas grupais ou individuais, nos quais se mede e quantifica tudo o que se faz para receber paga equivalente. A palavra de Deus, contudo, deve ser dada gratuitamente, porque foi recebida gratuitamente, já que ninguém precisa pagar para adquiri-la.

Por Dr. Ricardo Mariz de Oliveira

Categories: Evangelho Semanal

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