AS BEM-AVENTURANÇAS – MUDANÇA DE PARADIGMAS – MATEUS 5, 1-12

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MATEUS 5,1-12

 AS BEM-AVENTURANÇAS – MUDANÇA DE PARADIGMAS

Vendo as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e Jesus começou a ensiná-los: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão a misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus”.

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Jesus de Nazaré revolucionou o mundo com seu Evangelho, e assim foi desde o começo da sua pregação, pois, logo que começou a pregar, num monte perto de Cafarnaum pronunciou seu célebre “Sermão da Montanha”, uma quantidade enorme de recomendações à multidão que o ouvia sentada na relva ou de pé, sob o vento que soprava do Mar da Galileia.

Mateus, apóstolo e testemunha presente ao fato, começa o Capítulo 5º do seu Evangelho com a descrição das bem-aventuranças, uma série de explicações de como homens e mulheres podem ser bem-vistos por Deus e agradáveis a Ele, mas que surpreendeu a todos os que lá estavam, bem como aos que depois ouviram o relato do que Jesus falou, além de que ainda continua a causar estranheza em muita gente, mesmo passados dois mil anos daquele dia.

É que se praticava o que conhecemos como “Lei de Talião”, a norma do olho por olho e do dente por dente, senão em sentido literal, certamente no sentido figurado de castigar qualquer mal comportamento ou qualquer ofensa de alguém, dando-lhe tratamento equivalente ao da sua conduta.

Entretanto, mesmo havendo reflexos da “Lex Talionis” no Livro do Êxodo (Ex 21,23-35), Jesus pregou diferente comportamento, pois na sequência do trecho acima, chegou a determinar que se ame o inimigo e que se ore por ele! A estupefação do povo prosseguiu mais tarde quando os israelitas começaram a descobrir que Jesus poderia ser o Messias, mas eles acreditavam que o Messias seria um líder militar, combatente dos inimigos e libertador do jugo romano.

Entretanto, contrariamente ao que imaginavam, Jesus pregou mansidão, paz, amor ao próximo, reconciliação, revelando que o Salvador esperado há séculos e predito pelos profetas não veio para conquistar impérios terrestres, mas para salvar as almas para um Reino não terreno, o eterno Reino de Deus.

E explicou que, para alguém ser admitido nesse Reino, precisa ser um bem-aventurado neste mundo, não um vingativo e um aplicador de punições e represálias. Ser bem-aventurado é fazer aquilo que Jesus ensinou na montanha, isto é, ter um comportamento diametralmente oposto ao prescrito no Código de Hamurabi, de dar ao infrator ou ofensor pena proporcional ao mal ou à agressão que praticou, fazendo com que o mal infligido por alguém retorne para ele.

A rigor, Jesus não deveria ter causado estranheza aos seus ouvintes porque eles conheciam os dez mandamentos da Lei de Deus, dados a Moisés, que Jesus mais tarde explicou poderem ser resumidos a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo com a si mesmo, pois os demais dependem desses dois (Mt 22,34-40).

Mas eles estavam com seus corações endurecidos, e a pureza dos mandamentos estava comprometida pelas práticas em voga, motivo pelo qual ficaram confusos com as bem-aventuranças, as quais, afinal, são exemplos vivos de comportamentos inteiramente iluminados por aqueles dois mandamentos, assim como os outros são desdobramentos deles.

Não obstante, Jesus não apenas propôs uma mudança de paradigma no comportamento social, pois, a despeito da resistência que encontrou, desde logo logrou angariar discípulos entre os judeus, e aos poucos sua Igreja foi aumentando o rebanho de crentes em Jesus, a tal ponto que hoje se reconhece que aquele pregador itinerante moldou a cultura do mundo ocidental, ainda que muitos desinformados se rebelem pela determinação de se amar o inimigo ou de se ser manso ao invés de reagir.

Por isso, na festa de Todos os Santos rememoramos as bem-aventuranças, já que todos os santos foram bem-aventurados em suas vidas.

Por Dr Ricardo Mariz de Oliveira 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Categories: Evangelho Semanal

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