O REBANHO DE JESUS CRISTO, ELE QUE É DEUS – JOÃO 10, 27-30

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“As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão. Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. Eu e o Pai somos um.”

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Domingo passado, lemos a parte final do Evangelho de São João, que nos relata Jesus concitando Pedro três vezes a apascentar as suas ovelhas (Jo 21,1-14), e assim prosseguir a atividade que Jesus desenvolveu durante sua vida pública, na qual agiu como verdadeiro pastor de ovelhas que estavam desgarradas em decorrência da paulatina adulteração que a Lei dada por Deus a Moisés fora sofrendo século após século.

No Antigo Testamento, juntamente com os mandamentos de Moisés, encontramos muitas profecias a respeito da vinda do Messias, mas elas estão dispersas e provêm de várias fontes, motivos pelos quais é difícil compreendê-las isoladamente. Somente quando reunidas e confrontadas com acontecimentos da vida de Jesus de Nazaré, começando com o mistério da sua concepção no seio virginal de Maria, pode-se entendê-las e ligá-las à sua pessoa.

Uma das mais célebres profecias é a de Ezequiel (Ez 34, 1-16), um sacerdote que no final dos anos 500 AC exerceu seu ministério junto ao povo judeu exilado na Babilônia, e que profetizou a vinda de um Filho do Homem que pregaria contra os pastores de Israel, que, em nome de Deus, os advertiria por cuidarem somente dos seus próprios interesses sem pastorear seus rebanhos, por não fortalecerem suas reses e as matarem gordas, por não cuidarem das ovelhas fracas e doentes ou feridas, deixando-as sem curá-las e transviadas, por não as procurarem e por tratá-las com rudeza e maldade.

A profecia continua falando que, por falta de pastor, as ovelhas de Deus se dispersaram e se tornaram presas de todas as feras, vagueando em toda parte sobre a montanha e sobre as colinas, espalhadas sobre toda a superfície da terra, sem alguém para cuidar delas ou procurá-las.

Foi esse efetivamente o estado de coisas que Jesus encontrou no mundo, desde Israel e principalmente em Israel, exatamente como prossegue o profeta, que coloca na boca e na vida de Deus palavras condenatórias dos pastores que deixaram suas ovelhas entregues à pilhagem e a servirem de pasto para as feras, pastores sem o mínimo cuidado com delas, que, em vez de as pastorear, só procuram se fartar a eles próprios.

Ezequiel por fim, mantendo o tom recriminatório, profetiza, ainda com palavras do Senhor, de que Ele vai reclamar suas ovelhas, tirar a sua guarda desses pastores, arrancá-las das suas goelas para que não mais as devorem: “Pois, eis o que diz o Senhor Iahweh: Vou tomar eu próprio o cuidado de minhas ovelhas, velarei sobre elas. Como o pastor se inquieta por causa de seu rebanho, quando se acha no meio de suas ovelhas tresmalhadas, assim me inquietarei por causa do meu; eu o reconduzirei de todos os lugares de onde tinha sido disperso num dia de nuvens e de trevas. Eu as recolherei dentre os povos e as reunirei de diversos países, para as reconduzir ao seu próprio solo e fazê-las pastar nos montes de Israel, nos vales e nos lugares habitados da região. Eu as apascentarei em boas pastagens, elas serão levadas a gordos campos sobre as montanhas de Israel; elas repousarão sobre as verdes relvas, terão sobre os montes de Israel abundantes pastagens. Sou eu que apascentarei minhas ovelhas, sou eu que as farei repousar, oráculo do Senhor Iahweh. A ovelha perdida, eu a procurarei; a desgarrada, eu a reconduzirei; a ferida, eu a curarei; a doente, eu a restabelecerei, e velarei sobre a que estiver gorda e vigorosa. Apascentá-las-ei com justiça”.

Foi tudo o que aconteceu com Jesus, o próprio Deus que arrancou da desolação tantos quantos o ouviram e os conduziu a pastagens verdejantes, primeiramente em Israel, depois no mundo todo através de Pedro e dos seus apóstolos, séculos após séculos.

Por isso, lembramos o que Jesus proclamou, não mais uma profecia, mas a concretização dela: “As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão. Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. Eu e o Pai somos um”.

Na profecia, Ezequiel fala como Deus, na primeira pessoa do singular, porque verbalizou o que sentiu do próprio Deus. E nem nisto Jesus se distanciou das palavras divinas, pois, afirmou serenamente: “Eu e o Pai somos um”, repercutindo nele as palavras da profecia.

Em várias outras ocasiões Jesus revelou ser o próprio Deus que se fez homem, mas nesta a ligação direta da sua pessoa com a profecia não somente confirmou sua divindade, como também deixou acima de qualquer dúvida a razão da sua vinda ao mundo!

Por Dr Ricardo Mariz de Oliveira

Categories: Evangelho Semanal

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