JESUS CRISTO E A SANTÍSSIMA TRINDADE – JOÃO 3,16-18
“Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito.”
O pequeno trecho do Evangelho, acima transcrito, e o breve comentário que vem a seguir, não devem ser lidos por aqueles que não acreditam que exista um Deus criador de todas as coisas, e que Jesus Cristo foi esse Deus que, na imensidão do infinito, se encarnou para viver neste mundo junto às suas criaturas por apenas trinta e três anos. Para esses descrentes, tudo isto não passa de bobagem, sem sentido para suas mentes que julgam saber tudo, e não devem perder seu tempo lendo o Evangelho de Jesus, ou o que tanta gente tem escrito e falado sobre ele por mais de dois mil anos.
Porém, o pequeno trecho acima, com o qual se comemora a festa da Santíssima Trindade, é suficiente para os que têm fé meditarem um pouco e, embora não tenham explicações para a lógica humana, continuem a crer e tenham a sua fé reforçada.
De fato, Deus está num lugar que chamamos de “céu”, o qual costumamos pensar ser “lá em cima”, e não precisaria sair do seu lugar para vir “aqui embaixo” a fim de viver e morar conosco. Nem precisaria se fazer um homem de carne e osso, como são todos os demais homens e mulheres deste mundo, a cuja existência Ele deu origem.
Ele bem sabia que, fazendo-se homem, viria passar por todas as vicissitudes que os homens têm nesta vida, submetendo-se a sofrer todos os tipos de sofrimento por que passam esses homens, ao lado de momentos de folga e alegria. Também sabia que o corpo em que encarnasse sua alma teria que falecer algum dia, mas, principalmente, conhecia que tipo de morte horrorosa e sofrida ele teria
Não obstante, Ele veio na pessoa do seu Filho Jesus!
Perguntamo-nos: por quê? A resposta está no pequeníssimo trecho acima, que São João nos deixou.
Deus queria deixar clara a sua Lei para a humanidade. Queria isso mesmo tendo ciência do que aconteceria com Jesus, e este, enquanto homem, também o sabia, pois, antes de ser preso, já orava a seu Pai para que, se possível, afastasse dele o cálice do sangue que teria que beber, tendo sofrido tanto que suou gotas de sangue!
A despeito disso, declarou que se submetia à vontade do Pai, e que não se fizesse o que seu corpo clamava por não acontecer!
Indagamos novamente: por quê? Por que chegar à morte de cruz, quando esta poderia ser evitada, e quando Jesus já havia pregado todos os seus ensinamentos pelos quais “não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna”, como diz o Evangelho de São João?
Na verdade, ainda faltavam duas coisas.
A primeira era preciso demonstrar a necessidade de cada um aceitar o seu destino nesta vida, com resignação quando os perigos e sofrimentos se avizinharem, ou mesmo perante os momentos e acontecimentos indesejados, sem se desviar do caminho da retidão.
E a segunda foi a maior demonstração do amor de Deus por suas criaturas, o amor que foi até ao ponto de não se intimidar enquanto homem, não cessar sua missão mesmo perante o maior dos obstáculos, que é a risco da própria vida, tudo sem vantagem para si, e apenas para deixar exemplo aos demais homens. Além do que, com sua morte, Jesus pôde ressuscitar e nos deixar a evidência de que todos o que nele crerem não morrem e têm a vida eterna.
Esta fé no homem Jesus de Nazaré, por aquele que nele crê, e que sabe que não morrerá porque tem vida eterna, também lhe permite, mesmo sem entender com sua pobre razão humana, saber que existe um único Deus, o qual, entretanto, existe e se manifesta em suas três pessoas, pois o mesmo Jesus se dizia Filho de Deus Pai, unigênito com Ele. Esta mesma fé ainda abarca o conhecimento de que existe a terceira pessoa divina, aquela que Jesus prometeu que enviaria para relembrar tudo o que ele ensinara, a pessoa que gerou em Maria Santíssima o ser humano de Jesus, para que não fosse apenas homem, mas homem e Deus ao mesmo tempo.
Por sua fé nessa revelação, os católicos iniciam suas orações persignando-se com o sinal da cruz e louvando a Santíssima Trindade: “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, amém”.
De tanto praticarmos esse gesto e proferirmos essas palavras, muitas vezes, afoitos para passarmos aos nossos pedidos, deixamos de dar-lhes o devido respeito ou de prestar atenção ao seu profundo significado. Mas é justo fazermos o sinal da cruz e proclamarmos que o fazemos em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo com a consciência de se tratar da nossa submissão aos fundamentos da fé cristã e da nossa adoração a esse Deus que “amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna”.
Por Dr. Ricardo Mariz de Oliveira
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