DESCRENÇA EM JESUS, MAS CRENÇA DE SIMÃO PEDRO – JOÃO 6,60-69

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DESCRENÇA EM JESUS, MAS CRENÇA DE SIMÃO PEDRO
Muitos dos discípulos de Jesus que o escutaram, disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” Sabendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso mesmo, Jesus perguntou: “Isto vos escandaliza? E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes? O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida. Mas entre vós há alguns que não creem”. Jesus sabia, desde o início, quem eram os que não tinham fé e quem havia de entregá-lo. E acrescentou: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim a não ser que lhe seja concedido pelo Pai”. A partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele. Então, Jesus disse aos doze: “Vós também quereis ir embora?” Simão Pedro respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.
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Alguns domingos atrás tivemos oportunidade de ler os relatos do evangelista João sobre a reação dos discípulos e de outras pessoas quando ouviram Jesus mencionar que ele era o pão descido do céu, e que comer a sua carne e beber o seu sangue dariam a vida eterna, e nunca mais se teria fome (Jo 6,24-35 e Jo 6,41-51).
Pois a passagem acima é a continuação daquelas outras duas, refletindo o ápice da rejeição que Jesus teve por parte de várias pessoas que o tinham ouvido falar, inclusive discípulos, pois “a partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele”. Note-se, o Evangelho não diz que algumas pessoas não andavam mais com Jesus, mas fala em muitos, e não quaisquer muitos, mas muitos que até então eram discípulos!
Esses que abandonaram Jesus foram os que preferiram somente acreditar naquilo que sua razão compreendia, não admitindo a possibilidade de haver coisas que para eles eram inconcebíveis. Foram soberbos, pois, ao cabo, sua fé não era genuína, mas dependente de aceitarem ou não o que ouviam, isto é, acreditar ou não no que ouviam, a ponto de se afastarem de alguém que já lhes dera mostras do seu poder sobre a realidade da natureza.
Algumas vezes em sua vida Jesus decepcionou-se com atitudes que presenciou de algumas pessoas. Porém, neste episódio, em que ele perdeu não poucos, mas muito discípulos, o evangelista não menciona que ele tenha ficado triste ou surpreso, mas que utilizou o refugo de alguns para provocar a manifestação de outros.
De fato, “então, Jesus disse aos doze: ‘Vós também quereis ir embora?’” 
Será que Jesus tinha alguma dúvida sobre a resposta que teria? Se a resposta fosse igual ou semelhante à atitude dos que se afastaram, ele ficaria sozinho, pondo a perder todo o trabalho que desenvolvera até então para reunir seus apóstolos e discípulos em torno da pregação do seu Evangelho. Teria Jesus se arriscado a tanto?
Podemos pensar, com bastante segurança, que ele não correu qualquer risco, pois conhecia sua gente e sabia que ela teria fé no que ele dissesse, ainda que tivessem dificuldades para entender.
E, realmente, a resposta de Simão Pedro foi a confirmação de que Jesus sabia o que estava fazendo. “Simão Pedro respondeu: ‘A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus’”.
É necessário meditarmos sobre tal resposta. Quando Pedro perguntou a quem iriam se abandonassem Jesus, tão-somente confirmou aquilo que Jesus vinha dizendo, ou seja, que ele era o caminho, a verdade e a vida.
Pedro certamente não entendera como poderiam comer a carne de Jesus e beber seu sangue, cujo mistério somente ficou claro a ele e aos outros quando, depois, Jesus instituiu a eucaristia na última ceia. Mas, naquele momento em que foi indagado, sua ignorância era absolutamente igual à dos que preferiram ir embora, para longe de Jesus.
Não obstante, apesar disso, Simão preferiu ficar com Jesus, pois já sabia que ninguém mais poderia ser o Messias enviado por Deus. Assim, mesmo sem saber como comer a carne de Jesus e beber seu sangue, teve a fé de acreditar que Jesus haveria de prover um modo para que isso ocorresse, assim como acreditou que dessa maneira se ganharia a vida eterna.
Por tudo isso, o que falou em seguida é uma das mais edificantes manifestações de fé de que temos conhecimento: “Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus’”.
Em síntese, para Pedro foram suficientes as palavras de Jesus. Com elas, ele não precisava de qualquer prova, pois eram palavras de vida eterna que somente o Santo de Deus poderia pronunciar!
Por Dr. Ricardo Mariz de Oliveira

Categories: Evangelho Semanal

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