A TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS – MATEUS 17,1-9

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A TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS

Jesus tomou consigo, Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisto apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. Então Pedro tomou a palavra e disse: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias”. Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: “Este é meu Filho amado, no qual pus todo o meu agrado. Escutai-o!” Quando ouviram isto, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantai-vos, e não tenhais medo”. Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não conteis a ninguém esta visão, até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos”.

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As crianças, quando estão fazendo o catecismo e aprendem que na eucaristia o pão se transforma no corpo de Jesus e o vinho no seu sangue, ficam estupefatas porque, ao assistirem as missas, não veem a hóstia passar a ser Jesus, e, quanto ao vinho do cálice, que não enxergam, ficam imaginando se o sacerdote bebe sangue, e não vinho.

Há quem diga que a eucaristia é apenas simbólica, e não real, mas, pensando assim, negam a afirmação do próprio Jesus, na sua última ceia com os apóstolos, de que o pão era o seu corpo e o vinho o seu sangue, os quais seriam entregues para remissão dos pecados de todos (Mt 16,14-28; Mc 14,1-15; Lc 22,14-23). Muitas vezes, em seus ensinamentos, Jesus empregou símbolos ou alegorias, mas naquela ocasião ele foi explícito, não tendo dito que o pão e o vinho representariam simbolicamente o seu corpo e o seu sangue, pois o que queria é que o seu real sacrifício no Calvário se mantivesse sempre em louvor a Deus, como algo que verdadeiramente ocorreu e não cessaria de ocorrer.

Pois bem, a transfiguração de Jesus no Monte Tabor se aproxima da eucaristia no sentido de que em ambos os acontecimentos a pessoa de Jesus está no seu centro. Mas neles há ocorrências distintas que, sendo compreendidas, ajudam a entendermos não apenas cada uma delas, mas também todo o poder divino.

Assim é que na eucaristia não há mudança de aparência, pois não há transformação física do pão em carne e do vinho em sangue, dado que a mudança é de substância das duas mesmas matérias, o que somente pode ocorrer por um milagre que apenas Deus pode praticar. Por isto, na eucaristia não há transfiguração nem transformação material, mas transubstanciação, pela qual não se vê o corpo de Jesus e o seu sangue, nem se sente o gosto de carne ao se ingerir a hóstia ou o sabor de sangue ao se beber o vinho, mas substancialmente são o corpo e o sangue de Jesus Cristo.

Já no Tabor houve mudança da imagem de Jesus, da sua figura física de homem para a sua figura sobre-humana de Deus. Lá também não ocorreu apenas um simbolismo, mas a real e momentânea parada do milagre de Deus se ter feito homem, para que os apóstolos Pedro, Tiago e João vissem em Jesus a face do próprio Deus, isto é, vissem Jesus como Deus que também era.

E eles ficaram tão estupefatos quanto as crianças do catecismo, porque Simão Pedro puerilmente quis construir tendas para ficarem lá em cima, e depois, quando os três contaram aos evangelistas o que presenciaram, não encontraram palavras para retratar a imagem de Deus, tendo que recorrer às percepções humanas de roupas alvas e de brilho, com as quais puderam apenas simbolizar a pureza divina e sua luz para o mundo.

Os que não creem pensam que tudo isto seja impossível ou não passem de afirmações de insanos, e assim pensam porque não conseguem distinguir a realidade humana da realidade transcendental de Deus, capaz de criar o universo e até os seres que nele não acreditam, e a quem nada é impossível, ainda que muito seja impossível aos homens. Esses que não creem no Evangelho são como crianças que não completaram ou não compreenderam os ensinamentos do catecismo.

Por Dr Ricardo Mariz de Oliveira 

Categories: Evangelho Semanal

admin

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