SANTÍSSIMA TRINDADE – MATEUS 28,16-20

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Os onze discípulos foram para a Galileia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando viram Jesus, prostraram-se diante dele. Ainda assim, alguns duvidaram. Então, Jesus aproximou-se e falou: “Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra. Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo”.


Jesus está para deixar sua gente em definitivo e ascender ao céu, mas alguns ainda tinham dúvida sobre se seria ele mesmo, dado que fora morto na cruz à vista de todos. Os onze apóstolos remanescentes após a defecção de Judas Iscariotes já tinham crido na ressurreição (Jo 20,19-31), mas agora, na Galileia, provavelmente havia discípulos aos quais Jesus ainda não houvesse aparecido, e estes passaram pelo drama da estupefação de o verem redivivo, o mesmo drama que outros já haviam experimentado antes deles.

Mas, antes de deixá-los, Jesus deu a todos algumas instruções finais e uma promessa encorajadora. Mais uma vez manifestando sua natureza divina, ele começou invocando sua autoridade no céu e na terra, que enfatizou ser plena e total – “toda autoridade” –, para mandá-los no prosseguimento da missão de fazer novos discípulos, agora não mais apenas entre judeus, mas junto a “todos os povos”.

Assim, Jesus verdadeiramente delegou sua autoridade aos discípulos, com a qual poderiam batizar novos seguidores e ensinar-lhes tudo o que aprenderam diretamente dele. Promana disso, além de outras passagens do Evangelho, a primazia da Igreja Católica para o ensinamento da palavra de Jesus e sua explicação, e para poder realizar o novo batismo que no Rio Jordão João Batista já anunciara que seria instituído por Jesus, mas que seria diferente do seu por não ser o batismo com a água, e sim com o Espírito Santo (Mc 1,8). Também advém daí a transnacionalidade dessa Igreja de Jesus, que é católica por ser universal, e não destinada apenas a uma nação ou a um povo.

Todavia, porque sabia a imensidão da tarefa que deixava com sua gente, e também que esta poderia sentir-se incapaz e com dúvidas sobre sua capacidade de concretizá-la, Jesus os encorajou prometendo ficar com eles todos os dias, até o fim do mundo: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo”.

“Todos os dias” em que aqueles primeiros discípulos viveriam e nos quais deveriam se dedicar a cumprir a ordem de Jesus, mas “até ao fim do mundo” porque depois deles viriam outros, como vieram até nossos dias e ainda virão muitos mais no futuro. Assim, enquanto houver o mundo, o Cristo estará com todos, em todos os dias em que viverem e se dedicarem a difundir o seu Evangelho.

A recordação desses momentos de Jesus com os que se encontraram com ele na Galileia é apropriada na festa da Santíssima Trindade, esse mistério de três pessoas em uma, no qual cremos porque nos foi revelado por Jesus, e que enfeixa a autoridade divina por ele proclamada naquele dia.

Por isso, os católicos, que são discípulos de Jesus, não começam nem terminam seus cultos e suas orações sem se persignar e invocar o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Mais ainda, eles fazem sua invocação “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, o que é muito grave, uma vez que falam em nome de Deus, e se permitem a isso porque lá na Galileia Jesus os ordenou que assim agissem. Mas fazem com segurança porque sabem que o Cristo os acompanha!

Assim, falar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo não é impróprio, nem é usurpação ilícita de nome alheio, principalmente de Deus, mas é ato de extrema responsabilidade, pois deve-se ser respeitoso a Deus e ao seu nome, e consciente da importância das palavras que se profere e do que se vai dizer e fazer a seguir, ou do que já se disse e já se fez.

Portanto, o sinal da cruz, com o qual nos persignamos tantas vezes, não deve ser um mero gesto simbólico, mecânico ou exterior, mas a sinalização da nossa fidelidade aos ensinamentos que o Filho nos trouxe por vontade do Pai, e que o Espírito Santo nos recorda sempre, além de ser manifestação da disposição para praticarmos aquilo que ele nos ordenou fazer.

Por Dr. Ricardo Mariz de Oliveira

Categories: Evangelho Semanal

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